segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Meu Canal no Youtube

             


                Um dos meus queridos amigos um dia me disse, talvez em 2014: "Você deveria fazer um canal do Youtube". Na época isso pra mim estava fora de cogitação. eu nunca gostei de aparecer em vídeos, até mesmo fotos porque nunca me achei realmente fotogênico e além do mais, pode não parecer, mas sou uma pessoa muito tímida que não gosta muito de falar em público. Outras coisas também estavam envolvidas na minha decisão de não abrir um canal no Youtube como excesso de trabalho (realmente não tinha tempo), falta de conhecimento, falta de suporte e muitas outras "desculpas". Infelizmente o meu estado de espírito naquela época não me permitiu iniciar um projeto assim. 

            Hoje em dia é muito comum anunciar nas redes sociais e pode alavancar carreiras e negócios. É uma ferramenta fundamental e a razão do sucesso de muitos profissionais e negócios. Há inúmeros exemplos de pessoas que adquiriram muito sucesso através das redes sociais e também inúmeros exemplos de pessoas que ainda estão patinando em suas profissões, ou simplesmente estagnados porque ainda não entraram nas redes sociais. 

        Se você acompanha o blog há muito tempo sabe que, em momento algum eu comecei a escrever para ficar famoso, para ganhar dinheiro ou algo do gênero. O objetivo do blog sempre foi informar, registrar, entreter, documentar minha história e ajudar aqueles que tinham o mesmo sonho que eu de viver em um país onde não se nasceu. O sucesso, o dinheiro se viesse seria bem vindo, mas não era e não é o objetivo principal. Dito isso ao longo dos anos eu comecei a perceber uma tendência negativa pelo fato de eu não possuir uma presença maior nas redes sociais. Vou te contar. 

            Esse ano eu faço dez anos de carreira como Corretor de Imóveis e Designer de Interiores, profissões que eu comecei quase que simultaneamente. Eu já vendi por volta de 180 imóveis, decorei e reformei algo em torno de 80 propriedades. Pelas minhas contas de Instagram é possível ver que eu sei o que estou fazendo, tenho domínio dos processos, conheço empreiteiros, lojas etc. No entanto, mesmo com toda essa experiência, eu comecei a perder clientes para as "estrelas" das redes sociais. Me parece que as pessoas não estão mais confiando em recomendações e procuram mesmo os profissionais no Youtub e no Instagram, onde estes sabem muito bem marquetear suas habilidades. Alguns, nem formados, sem experiência alguma já estavam muito à minha frente por causa da exposição que essas redes permitem. Alguns até mesmo, que na vida real, são péssimos profissionais que jamais leram em inglês o contrato de compra e vende e não têm licença para fazer reforma ou decoração. Intitulam-se "designers de interiores" sem diploma o que, na Flórida é considerado crime e a pena pode incorrer em multa e prisão. 



 
            Há muita mentira nesse mundo virtual. Eu vejo algumas contas de Instagram que se dizem "Top Producer" (que seria o corretor primeiro), vendas de milhões! Por ser broker na Flórida, a mais alta classificação na área da corretagem de imóveis, eu consigo ver a produção anual desses indivíduos e quer saber? Venderam 2 a 3 imóveis de 500 mil ou mais no inteiro ano de 2022. Top Producer? Infelizmente alguns não têm escrúpulos mesmo. E acredite, são vários...não somente 1 pessoa. Há bons profissionais que são estrelas também e para estes eu bato palmas pois vejo que trabalham muito para estarem aonde estão sem prejudicar ninguém. 

            Um outro problema que eu vejo nos "corretores celebridade" é que estes vendem praticamente tudo em qualquer lugar, com exceção de poucos indivíduos. Não é possível que 100% dos lugares sejam bons investimentos, porém estes só estão mesmo interessados na sua comissão. Não há um filtro que proteja o investidor brasileiro, o cliente a quem o corretor tem o dever de defender. Alguns condomínios por exemplo, são a maior furada do planeta e estão anunciados nas páginas destas pessoas. Embora experientes, são profissionais que estão do lado deles mesmos e não do lado do cliente que mora a milhares de kilômetros em outro país. 


            Eu tinha que me convencer que o canal traria um benefício nobre à população. Criar um canal somente para meu próprio benefício e com objetivo de enriquecer não faz parte da minha natureza e nunca daria certo pra mim. Assim como o blog, tem que ser algo com um objetivo real que me faça sentir bem em fazer. Vendas, clientes, etc teria que ser a consequência natural e não o objetivo principal. 

            Pensando nisso então eu comecei há quase 2 anos esse projeto do canal. Tentei gravar vários vídeos com amigos e a gravação e edição mostraram ser algo realmente muito difícil e demorado de fazer. Em 10 meses fizemos uns 4 somente. Daí então que eu me dei conta do que eu sempre falo a meus clientes "cada macaco no seu galho". Eu sou profissional de outra área, preciso de um profissional que me ajude a desenvolver esse projeto. Foi daí que caiu do céu um video maker que me ofereceu a possibilidade de conversar sobre o assunto. Nos encontramos e acertamos os detalhes. E assim nasceu o Canal que já tem 9 vídeos e 76 seguidores! :-) Comparado com alguns que têm centenas de milhares é um bebezinho recém nascido. 


            Seguidores, curtidas, tráfego, tudo isso é ótimo, mas novamente, não é o objetivo principal. Qual é o objetivo do canal então? O Objetivo do canal é Informar e Entreter basicamente. Informar o quê? Como? Onde? Para que aqueles que desejam investir ou imigrar. E também para aqueles que desejam se entreter e saber mais sobre diversas coisas. Uma fonte confiável de informação para informar e entreter as mentes curiosas à respeito de como é a vida nos EUA e as possibilidades que existe para uma vida melhor e feliz. 

                O conteúdo será algo muito parecido com o blog. Porém, no blog, há 95% de assuntos diversos e 5% de assuntos relacionados à corretagem de imóveis. Neste caso o canal será diferente. Haverá mais conteúdo referente ao mercado de imóveis, porém irei gravar muitos vídeos sobre entretenimento, culinária, design e decoração entre outros.

            Portanto convido você a se inscrever no canal Renato Alves Corretor. Espero que você goste e divirta-se com as engasgadas, palavras inventadas, erros de pronúncia e tudo o mais que vem com o pacote de quem é imigrante há mais de uma década nos EUA. Acima de tudo saiba que o canal terá a mesma diretriz do blog no sentido de ser um lugar seguro, saudável, com informações e entretenimento para quase todas as idades. Te vejo por lá! 

Um grande abraço!

Renato Alves

Instagram

Pessoal: @renato_s_alves

Corretor: @renatoalves_corretor

Design e Decoração: @renatoalvesdesign

Whatsapp +1-407-808-1878


Aqui uma prévia pra você!




           

terça-feira, 5 de abril de 2022

Você Tem Espírito de Imigrante?

         

        Esta semana alguns acontecimentos relacionados a pessoas que mudaram para Orlando me fez pensar muito sobre o assunto imigração. Imigrar pode ser difícil dependendo da situação financeira do indivíduo ou da família. Para alguns, no entanto pode não passar de uma mudança. Estamos falando de pessoas com um excelente poder aquisitivo que resolvem ir morar em outro lugar. Por exemplo, quando o Trump ganhou as eleições vários artistas milionários resolveram deixar o país, A cantora Madonna foi uma delas que se mudou para Portugal com a "corte" e ficou lá até que os democratas retomassem o poder. Isso é considerado imigração? Alguém talvez diga que não. Por isso é apropriado saber o real significado da palavra imigração.

       A definição de imigração, segundo o dicionário do próprio Google, é: "Entrada de indivíduo (...) estrangeiro em determinado país, para tratabalhar e/ou para fixar residência, permanente ou não." Se esta é a real definição do termo, então a Madonna realmente imigrou para Portugal assim como também os outros artistas que deixaram o país em sinal de protesto. 

Madonna se mudou para um palácio no centro de
Lisboa

          Mas não é desse tipo de imigrante que eu gostaria de falar. Estamos falando daqueles indivíduos que, cansados do lugar onde vivem, desejam tentar a vida em um outro país. E isso pode se dar por diversos motivos. Para obter melhores condições de vida, para fugir da pobreza, violência ou perseguição política. E ainda aqueles que imigram pois encontraram sua cara metade em um país distante. Para esses, imigração é totalmente diferente da situação dos milionários que foram passar uma temporada no exterior. E nem precisamos ir muito longe. Em Orlando mesmo tem os dois tipos. Eu até diria que há 3 categorias. Os que vieram com alto poder aquisitivo, se instalaram na cidade e conseguem reproduzir o padrão de vida que tinham no Brasil. O meio termo, ou seja, pessoas com algum poder aquisitivo, suficiente para poder contratar um advogado e iniciar o processo de imigração, mas que também precisam trabalhar para se sustentar. Muitos destes, operam seus negócios no Brasil, vivendo nos EUA e trazendo os recuros para cá. E por último, os que estão em busca de uma vida melhor e que não possuem condições financeiras para levar, de imediato, a vida que aspiram. Vamos nos concentrar nesse último grupo. E eu me encaixo exatamente nele. Mas de onde veio essa vontade de mudar de país?

Muitos imigram para fugir da pobreza e
das condições de vida

           Tudo começa com a insatisfação com o lugar onde se vive. Insatisfação com o país, com a política, injustiça, condições de trabalho e as dificuldades do dia a dia. Aliado a isso há o que as pessoas assistem na televisão, nas séries e nos filmes de Hollywood. Talvez viagens a outros países fizeram com que a pessoa tivesse o desejo de sair do país onde se vive. Experiências de amigos e parentes que se foram e conseguiram uma vida melhor também pode ser fonte de incentivo neste sentido. A pessoa começa a considerar a saída do lugar aonde se vive e a vida que teria nesse ou naquele país se pudesse imigrar. E os sonhos começam aparecer. Até que um dia vem a decisão de mudar, de imigrar. E eu posso até dizer que essa é uma descrição perfeita do que aconteceu no meu caso.

           Em 2008, depois de uma viagem com amigos para a Flórida eu voltei decido a sair do Brasil e tentar uma vida melhor em outro lugar. Eu já havia visitado vários países da Europa então o leque era aberto com relação aos países que eu gostaria de morar. Porém há sempre o problema da documentação. Não se pode simplesmente arrumar as malas e ir para o aeroporto internacional. É preciso pesquisar as leis dos países e a possibilidade de imigrar legalmente ou não. Ou mesmo se há a possibilidade de se documentar, quanto tempo levaria e quais os requisitos para se qualificar. Tudo isto deve ser pesquisado ANTES de se sair do país. 



            E porque eu escolhi os EUA? Na época, a crise americana facilitou as coisas para quem queria imigrar. O dólar desvalorizado fazia com que o nosso dinheiro valesse um pouco mais. A crise baixou os requisitos necessários para a entrada em faculdades e universidades. Considerei também a Inglaterra mas o custo seria multiplicado por cinco. Porém, fui muito criticado já mesmo no Brasil. Um indivíduo até me chamou de "traidor da pátria". Estava fazendo algo errado? Na minha opinião era mais um caso de amor não correspondido. Eu sentia que amava o Brasil mas o Brasil não me amava. No final das contas, o amor próprio foi o que me fez decidir pela mudança. 

          Nossos avós fizeram a mesma coisa, porém foram muito mais corajosos que nós. Eles vieram mesmo para o desconhecido sem saber o que esperar. Não havia internet, aviões, televisão então era mesmo a promessa de uma vida melhor. Eles sim arrumaram as malas e foram para o porto pegar o navio em direção ao novo mundo. Alguns se deram muito bem outros nem tanto. 

Nossos avós e bisavós cruzaram o oceano em 
direção ao novo mundo

           É aí que entra o espírito de imigrante como eu vejo. Esse tipo de imigrante não espera chegar e ficar bem imediatamente. Sabe que tem uma escada longa a escalar. Um caminho de pedras extenso a trilhar até chegar ao destino esperado. Ele não se incomoda e não tem vergonha de excutar trabalhos braçais, sujos e jornadas longas de trabalho. Ele trabalha também nos finais de semana, na maioria das vezes sem férias, décimo terceiro e fundo de garantia. Ele olha para frente e não reclama, nem tem pena de si mesmo ou de sua sorte na vida. É passageiro. Ele não fica indignado comparando o que ganha com as coisas do patrão. Ele tem "paciência". Sabe que as coisas não acontecem de um dia para o outro. Ele faz a parte dele e espera. Ele planta todos os dias e sabe que a colheita está no futuro, não no mês que vem. Seus olhos se fixam, não nas coisas atuais, mas sim nas coisas à frente.



           As histórias de sucesso, e posso considerar a minha como uma delas, não aconteceram da noite para o dia. São anos de trabalho, de espera em meio a  muitas tentativas. A cada erro e decepção, tem-se que procurar uma outra saída e assim se dá ano após ano até que a pessoa encontra seu caminho. Uma profissão, um emprego, uma empresa que vai proporcinar aquilo que ela sonhou. Quantos de nós temos um diploma (ou 2), uma profissão e um bom emprego, mas mesmo assim viemos aqui limpar, pintar, dirigir, manobrar, servir, cuidar, etc? É desse imigrante que eu estou falando. E há inúmeras histórias, filmes, séries, livros que falam deles. 

           Nesses 12 anos que eu vivo nos EUA já vi muitos virem e voltarem. Outros porém ficaram. A corrida não é de velocidade e não é para todos. É uma maratona de resistência. Muitos já no começo se esquecem da vida que levavam, das dificuldades que passavam e já começam a reclamar. Reclamar das mesmas coisas que reclamavam no país de origem ou de coisas novas também. Muitos sentem muita falta da família e dos amigos e não suportam ficar aqui sozinhos. Lembram dos finais de semana com parentes e amigos. Aqui só o que se faz é trabalhar. Ficam tristes e depressivos. Leva tempo para construir amizades verdadeiras ou mesmo uma família. Por esse motivo acabam voltando pois sua mente não está mais fixa no futuro mas para as coisas deixadas atrás. Esquecem dos motivos que os fizeram sair e não aguentam a situação atual e a angústia do incerto. Também não dão mais valor para as coisas que já têm, só pensam nas coisas que deixaram e nas coisas que não têm.

           A sociedade brasileira está muito preocupada com as aparências e discrimina trabalhos mais simples. Alguns, com diploma universitário, têm vergonha de dizer à família e amigos que realizam trabalhos simples como limpeza e construção, por exemplo. Mesmo que estes trabalhos paguem muito mais do que ganhavam no Brasil e lhes tenha proporcionado coisas que nunca tiveram no país de origem. Porém, não lhes dá o status, que é algo tão valorizado no Brasil. 

A realidade pode ser muito diferente da vida
que a pessoa posta nas redes sociais...

            A maioria dos que tenho visto ultimamente não fizeram uma pesquisa extensa. Vieram na cara e na coragem, ou seguindo as orientações de pessoas a quem "perguntaram". Sem dinheiro suficiente, sem experiência, sem conhecimento do que encontrar, se vêm em maus lençóis. E hoje isso é quase imperdoável pois tudo está alí na internet em blogs e websites. É preciso tempo e esforço para ler centenas de páginas e fazer um planejamento detalhado sobre tudo.

        Estes não têm um plano, não fizeram pesquisa e uma detalhada programação. Nesse caso, a volta é quase certa pois a despreparação causa muitos problemas e desconfortos. E a realidade acaba se mostrando muito diferente do sonho que a pessoa tinha. Aqui por exemplo, não existe final de semana assalariado para imigrante. Você ganha o dia em que trabalha e o dia que fica em casa, não ganha absolutamente nada. Mesmo que esteja doente. Até mesmo quem é documentado e trabalha em empresas tem somente alguns dias que pode ficar em casa recebendo. Depois de usados esses dias a pessoa pode ficar em casa, porém é descontado do salário. Um terço de férias, décimo terceiro e fundo de garantia não existe nos EUA. 

            Quando eu sou abordado por brasileiros que desejam se mudar para os EUA a primeira coisa que eu respondo é que é fundamental a pesquisa e programação. Por pelo menos um ano a pessoa deve ler e pesquisar tudo o que puder. Não é sair perguntando em grupos pois as respostas e opiniões pessoais não são confiáveis. Tem que se coletar informações, guardá-las em uma pasta até que fique da grossura de um livro. Depois é preciso economizar e vir com pelo menos 6 meses de recursos para sem manter. Tudo aqui é mais barato do que é no Brasil, é verdade. Mas o aluguel barato + água e luz baratos + o telefone barato + o carro barato + a gasolina barata + seguro barato + a comida barata + remédios baratos + internet e TV baratos chegam a um valor que um emprego "de entrada" não paga suficiente para dar conta de todas as despesas baratas. E pode levar alguns meses para se achar o emprego que não explore "demais" (pois todos exploram) e subir um ou dois degraus da escada para poder arcar com todas essas despesas. Os despreparados se vêm em má situação rapidamente e saem pedindo ajuda aos "conterrâneos". E sabe o que a maioria dos conterrâneos fazem? Se afastam de pessoas assim pois sabem que vai dar problema. Infelizmente é assim. E há aqueles que te pedem dinheiro, porém quando você oferece um emprego eles "não podem". 



            O "espírito de imigrante" ajuda muito nessas situações. O indivíduo se conforma com condições de vida menores do que a que levava pois sabe que é temporário. Aí gasta menos, muito menos. E com muito trabalho ela consegue passar pelo choque inicial e levar a vida. E mês após mês, ano após ano, ele melhora. E talvez em alguns anos já está totalmente estabelecido, com uma casa, apartamento, alugado ou comprado, carro, emprego, filhos na escola e tudo o mais. Sempre de olho em outras oportunidades sempre procurando o seu caminho. E vence...mas demora. 

           Estamos falando de coisas materiais? Sim, obviamente, mas não somente isso. Estamos falando também de educação, de oportunidades, de felicidade em família, de saúde e principalmente de segurança. Quando o imigrante adquire essas coisas, pode se dizer que imigrou com sucesso. E provalmente vai ficar por muito tempo, na maioria das vezes a vida toda, pois conseguiu alcançar a qualidade de vida sonhados. Essa qualidade que envolve todas as coisas citadas, não somente bens materiais. A qualidade de vida que ele não conseguia ter no país de origem por diversos motivos. E essa história ele vai contar a seus filhos, que contarão a seus netos e lá na frente alguém vai dizer "quando meus avós emigraram do Brasil..." 

          Por último é preciso salientar que a vida pode ser muito, mas muito melhor do que a que se vivia no país de origem. Porém sempre haverá o sentimento de não pertencer. Por mais que nos sintamos em casa, seremos, pro resto de nossas vidas, imigrantes e sentiremos saudades de coisas da nossa infância e adolescência. Saudades de coisas que nem existem mais. Que nem poderiam ser reproduzidas se voltássemos, pois a vida mudou, as pessoas também mudaram e tudo hoje é diferente do que era no passado. E não há nada que se possa fazer a esse respeito a não ser visitar esse passado de vez em quando e, em vez de chorar porque ele não exite mais, sorrir porque ele aconteceu. Cheio de gratidão por ter essa memória, concentrar-se no presente e no futuro. 



           

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Viagem a Europa e Impressões do Velho Mundo

             

 

               A última vez que eu viajei de férias foi em 2018. Logo depois muito trabalho e a pandemia. Acho que muita gente estava na mesma situação que eu. Em casa a maior parte do tempo esperando a loucura de tudo acabar. E ainda não acabou! Dá pra acreditar no que presenciamos? Uma pandemia mundial onde milhões de pessoas morreram e uma sociedade inteira mudou com repercuções em todos os aspectos. Muita gente perdeu o emprego, o negócio, a casa, o carro, a família e entes queridos. Acho que muitos perderam também a sanidade. E em meio a tudo isso houve também protestos, gritos por direitos, quebra quebra e Carnaval. Parece que o mundo está fora de controle. Algumas coisas me entristecem profundamente como por exemplo, amigos brigando por causa de política nas redes sociais e cortando relações por coisas que não irão mudar. 

                 Essa viagem estava marcada desde 2019. Por duas vezes tentamos ir a a cia aérea cancelou nossas passagens. A primeira vez no começo da pandemia e na segunda vez quando a onda voltou na Europa e a Inglaterra fechou novamente. Finalmente este ano conseguimos marcar e combinar com a minha amiga Juliana de ficarmos 9 dias na Inglaterra e 5 dias na casa dela. Foi muito bom, mas sabe de uma coisa? Na última hora eu não queria ir. Até chorei! Incrível...Até meu amigo que está passando um tempo aqui em casa me disse. Nunca vi você chorar em 20 anos! É verdade eu NUNCA choro, mas por algum motivo perdi o controle. Não queria deixar meus cachorros, não queria enfrentar aeroporto, segurança, avião, Uber, conexão e por aí vai. Mas senti uma culpa também por desmarcar com minha amiga todas as coisas que já estavam combinadas, marcadas e por quê? Nem eu sei. 

                   Um mês antes da viagem tive uma sucessão de doenças. Uma coisa atrás da outra e poucos dias antes de embarcar ainda me sentia doente. Muito tempo dentro de casa talvez? Insegurança? Medo de terrorismo, avião, gastar dinheiro? Eu realmente DISPIROQUEI legal. Mas fui. Engoli o choro e fui para o Aeroporto. E quer saber de uma coisa? Assim que pisei na Inglaterra tudo passou! As doenças, o medo, etc. Parecia que eu tinha recebido uma injeção de ânimo pela vida novamente. Foi muito bom viajar, eu tinha até me esquecido o bem que faz. 

                      A nossa viagem teve poucas programações. Algo que eu realmente queria ver era as Seven Sisters (que eu conheci após assistir a dois filmes feitos naquela região) e um castelo. Já o Alex queria ver Paris e algumas coisas em Londres. Por isso tínhamos um roteiro bem aberto, com poucas coisas e bastante tempo para inserir sugestões de última hora. Ou descobertas

Summerland (2020)

Atonement (2017)



             Do Aeroporto Heathrow, alugamos um carro e dirigimos por volta de 2hs até Arundel, cidade onde o Castelo de Arundel se localiza. Visitamos o Castelo no mesmo dia (que foi o mais lindo Castelo que eu já visitei) e dormimos em um INN na cidade mesmo. No dia seguinte de manhã fomos para Brighton onde há um pier e umas coisas legais para se ver.
           
               Eu já visitei por volta de 12 castelos, esse superou todas as expectativas. Os interiores são completamente acabados. O Design é de tamanho bom gosto que poderia (e acho que é) bem ser o interior de casas de pessoas que gostam de design clássico. Quem me segue sabe, eu não gosto de nada moderno e acho que a decoração brasileira está indo por um caminho muito estéril, os ambientes estão ficando com cara de lobbys de hotel, clínicas, lojas de shopping e restaurantes. Tudo menos cara de "casa". Nada aconchegante...
Aqui vão algumas fotos:












Impressionantemente quase todos os quartos
eram suites. Aqui é um dos banheiros de um
dos quartos. Não encontrei em nenhum lugar 
o número de quartos, mas o castelo tem
198 cômodos. 


https://en.wikipedia.org/wiki/Arundel_Castle 


           No dia sequinte de manhã fomos para Brighton e ficamos lá pela manhã. De lá seguimos para Beachy Head onde ficam as seven sisters. De Brighton dirige-se pela costa por aproximadamente 50 minutos. Quando chegamos realmente a vista e o lugar é maravilhoso. Poucos turistas, poucos lugares para comer, muito charme, muita beleza, parece mesmo que se está em um lugar remoto da Europa. O dia estava lindo. Para ver a sucessão de montanhas tem que se escalar o gramado que você vê ao topo por meio das trilhas. Mas não se preocupe até mesmo pessoas acima de 70 anos estavam fazendo a caminhada. A caminhada total (nem fomos até o fim) é por volta de 12 km. Seis para ir e seis para voltar. Estávamos acabados!










             Esses para mim foram os pontos altos da viagem. Só mais alto que isso foi reencontrar meus amigos Ju e João. Ficamos na casa deles e a hospitalidade demonstrada é algo raro de encontrar. A casa da Jú é pequena, nos moldes britânicos, mas ficamos tão bem instalados...que até fiquei sem jeito. I love you Ju e João!

               Uma vez em Londres fizemos os passeios de praxe, turista mesmo pois o Alex havia visitado Londres quando tinha apenas 9 anos de idade. Já adulto é outra coisa. Algumas coisas eu não tive paciência de fazer como ir na London Eye e ficar em uma fila de 45 min debaixo de chuva para ver Londres em meio a nuvens. Decidimos ir a um restaurante ao lado e comer Fish and Chips que o Alex estava com as lombrigas atacadas. Sempre quis experimentar esse prato servido em quase todo lugar de Londres.




                 No terceiro dia pegamos o trem que vai de Londres a Paris em apenas 2.5 horas e que passa por baixo do mar. Nada de extraordinário. A paisagem é normal e como pegamos muito cedo e voltamos muito tarde praticamente estava tudo escuro. Em Paris fizemos o roteiro "turista básico". Torre Eifel, Louvre, Notredame, etc. Não fomos no Sagrado Coração, estávamos exaustos de tanto andar. Fomos sim em Versalles. Palácio que eu queria visitar após assistir à série de mesmo nome. Você já viu? Recomendo...












Versalles é realmente impressionante. 
Ao todo tirei mais de 600 fotos. NO meu instagram
tem mais algumas
@renato_s_alves





Em Paris, não house sequer uma refeição que não
estivesse absolutamente fantástica. Tão diferente dos
EUA onde de dez vezes que se tenta um
restaurante novo 7 a comida é ruim.

                Nos últimos dias de volta a Londres fizemos o Red Bus Tour e visitamos mais alguns pontos turísticos. Fomos em ótimos restaurantes, realmente não espera serem tão bons. Nada como visitar uma cidade onde você conhece alguém - os "locais" ou locals como dizem os americanos. No último dia alugamos um carro novamente no aeroporto e fomos a um vilarejo há 2 horas de Londres e 30 minutos de Oxford. Bulbury and Costwold - a coisa mais linda. Tudo parecia ter saído de uma história de conto de fadas. Alguns túmulos datavam do ano 1700!












Pra fechar com chaves de ouro tivemos um jantar mais cedo neste
restaurante. Incrível, belíssimo e a comida fantástica. 
Ele é também um hotel
https://www.cotswoldswheatsheaf.com/


                    Realmente foi uma viagem memorável. Já não vejo a hora de poder voltar e visitar outros lugares. Eu disse para o Alex que quando estou na Europa eu me sinto como se estivesse em casa, com as minhas origens. Nunca senti isso no Brasil ou mesmo aqui nos EUA. Eu serei sempre imigrante aqui e mesmo sendo cidadão americano não sinto como se realmente pertencesse a este país. E nem me sinto assim com respeito ao Brasil também. Na verdade sempre tive aquele sentimento de que tinha nascido no lugar errado, não sei por que. Espero que ninguém se ofenda com esse comentário. Acredito que temos que procurar a felicidade seja ela aonde estiver. A minha não estava no Brasil. Isso significa que também não gosto daqui? De maneira alguma!

                    Esta viagem foi boa para refletir em muitas coisas. Às vezes eu acho Orlando um pouco sem graça, as ruas e avenidas parecem todas iguais. Os bairros planejados são absolutamente iguais. Por isso quis mudar para Longwood onde nem parece que se está na Flórida. No entanto precisamos ver outras coisas para apreciarmos o que temos certo? Não é ingratidão. É o simples fato de que nos acostumamos facilmente com as coisas. Boas e ruins. Somos resilientes e nos adaptamos. Depois de um tempo paramos de prestar atenção nos gramados bem cuidados e as ruas limpíssimas e só pensamos em dirigir e não chegar atrasado.  Não notamos que aqui raramente fazemos baliza. Que as ruas são largas e bem cuidadas, não há quase buracos em lugar nenhum. Não há cachorros ou gatos de rua e assim por diante. 

                    Eu achei a Europa desta vez, estes dois países que eu visitei bem sujos. Desde os grandes centros como as cidades pequenas também. Os canteiros, muitas vezes aquele matagal. As calçadas quebradas e as ruas com buracos. Tudo muito apertado, muito pequeno. Desde os carros e principalmente qualquer banheiro de qualquer lugar. A infraestrutura de trens e ônibus é fantástica, coisa que não temos aqui em Orlando. Ônibus é quase inexistente. O preço da gasolina um absurdo comparado ao que pagamos. Os restaurantes e as comidas, muito melhores embora no supermercada há muito menos opções de produtos. Não há grandes supermercados. A variedade de produtos é super limitada. As pessoas vivem de outro jeito. 

                     Ao voltar pra casa e entrar na minha sala e cozinha, especiamente a varanda e quintal fiquei pasmo com a quantidade de espaço que temos e o quão pouco pagamos por isso em comparação ao que se paga na Europa. Se vendêssemos nossa casa de 250m² com piscina e quintal de 3 mil m², compraríamos uma geminada de 80m² há 40 min do centro de Londres. Com 2 quartos e 1 banheiro. Se bem que em Nova Iorque o dinheiro daria para comprar um studio. 

                       Mesmo apertado, mesmo sujo, mesmo diferente a Europa é fascinante. A França é minha preferida. Ainda quero visitar outros lugares. Escócia, Irlanda, Alemanha, Holanda, República Checa, Suíça, Áustria e Bélgica. Também Portugal e Espanha voltando, é claro, para minha amada e complicada Itália. Haja dinheiro e tempo também não é mesmo?

Renato Alves

     
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